-A-alô??
Silêncio curto.
-Novecentos.-respondeu meio sem paciência.
-T-tá...
Desligou o telefone.Depois de uma meia hora comprou um jornal, sentou num banco do Ibirapuera em frente à fonte e esperou uma meia hora.Leu o jornal meio entediado porque não entendia mais nada do mundo.Nem de futebol: o seu time não tinha mais Ademir da Guia há um bom tempo.
Quando deu sete e meia da noite, puxou um pequeno volume de uma mala, colocou dentro do jornal e levantou.Foi embora tossindo.
Um corredor calvo numa suadeira do caralho com uma bandana preta passou , sentou-se no banco e pegou o jornal.Olhou para os lados.Guardou o volume da página 7 do primeiro caderno no seu bolso traseiro.
Viu o show da fonte psicodélica do Parque.Jatos de água coloridos.Achou “legal”, mas um pouco idiota...
Depois disso, fez mais uma corrida até a saída.Pegou um táxi botando os bofes pra fora e amaldiçoando todos aqueles idiotas que se vestiam de Adidas.Inclusive ele próprio.
Chegou em casa, tirou a bandana da careca suada e fedida e a jogou na cama desarrumada.
Abriu o envelope pardo.
Deu uma bela olhada. 20 segundos se passaram.
Fechou o envelope, deixou em cima do criado mudo.Foi tomar banho.
Uns vinte minutos depois, uma mulher abriu a porta com muito esforço.Jogou a bolsa numa cadeira.Viu o pacote de cara.Óbvio.
Olhou para dentro do envelope, abrindo com os dedos.
Balançou a cabeça como se fosse uma coisa bem idiota.Era, na cabeça dela.
-Tô te esperando.-gritou meio brava na porta do banheiro , tirando a calcinha.
-Tá.
O careca abriu a porta de toalha e viu a mulher pelada na cama de perna aberta e com uma puta cara entediada de esperar.
-Você viu?-disse o careca
-Vi, vi sim.Que grande merda.
Ele balançou a cabeça meio triste.
Abriu o envelope, pegou alguma coisa dentro dele e foi para a cozinha.
Voltou com um copo nas mãos.
A mulher, puta de raiva por esperar, grita:
-E agora!?
Silêncio constrangedor de 5 segundos.Colocou o copo em cima da TV.Olhou para o relógio.
-Bem, agora tem que agüentar mais uma meia hora...
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