Nasceste. Um gato preto testemunhou a sua origem.
A vida toma forma dos caminhos erráticos e a tua, minha criança, é somente mais uma das incongruências fantásticas engendradas pelo homem de imaginação fértil. És um conto, uma alegoria viva; e teu destino é vagar por entre as terras propagando esperança por meio da sua imperfeição.
Vá para longe do teu criador, vá encontrar a tua estrada que, certamente, terá um fim. Um sopro é a tua existência, e o vento propagará esse hálito; hás de ser parte dessa metrópole e serás condecorado em um trono por homens simplórios.
Inumano e profano, demasiado ingênuo; herdarás os princípios humanos e os rasgará no dia da sua morte.
Vi tudo nas entranhas da lebre. O teu fim. Previsível. Efêmero. Sou um pai zeloso. Só o alerto sob os perigos da sua vida futura porque a minha se finda aqui: e tu carregarás o meu sangue, ó primogênito errático. Não voltarás para casa, não herdarás nada.
E em toda a sua trajetória, homúnculo serás.
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