Estamos aos prantos.
Eles dizem "choro”. É só um recurso, um estilo, uma palavra.Eles dizem que temos que comprar os livros dos homens que roubaram a infância do seu pai que queria ser abduzido, que tiraram a vontade da sua mãe de bordar patinhos num avental quando ela escrevia poemas bonitinhos sobre o primeiro amor.Eles dizem que é choro. É uma sensação antiga.Eles dizem que é dejá-vu.Eles dizem que as tuas palavras não valem nada e só os que persistem nessa vida serão os vencedores e herdarão um reino de recompensas e promessas antigas.
Eles dizem tantas coisas: que não plantamos nossas árvores no canteirinho da praça...
Que somos desgarrados e não temos mundos para colher, filhos para alimentar, namoradas para abraçar; às vezes somos párias mesmo (estão certos muitas vezes), uns desajustados.Seres que mal completaram ou alcançaram a maturidade.Os James-Deans-feios que não morreram jovens com um mínimo de decência para serem idolatrados pelo o que fizeram ou deixaram de fazer.
Normal.Todo mundo às vezes se sente como aquela hiena de desenho de Hanna Barbera.
Trocam de lado também: viram risonhos, dançam tarantella e cantam "Sympathy for the devil” num karaokê-yakuza da Liberdade se abraçando numa noite inesquecível.
Assim é a vida lá naqueles lugares: uma ficha na jukebox e uma série de músicas horríveis até chegar aquela que você colocou na máquina com carinho.Você fica lá batendo o pé, fazendo guitarrinha no ar e agitando sozinho-bêbado enquanto os holofotes te cegam. Cantando a letra até errado.Porra , é bom quando a sua ficha chega.
Eles dizem que é bobagem, ilusão.
Os porras nunca souberam esperar as músicas na jukebox.