quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

camus contaminado

Ela diz palavras estranhas.
Diz eu te amo, essas porras, essas balas na cabeça. Diz, diz inadvertidamente, de forma gratuita, como se fosse um Twitter postado de celular na balada duas e meia da madruga. Ela diz, não tem vergonha; tem até coragem de falar essa porra na minha cara. Eu, o homem que acreditou que, um dia, ia viver do que se gostava, que tinha planos e dizia que gostava de certas mulheres que nunca deram um puto por um pensamento. Mas ela diz que me ama, e eu fico meio embestado, com cara de quem tá no banco dos réus, ouvindo fatos e testemunhas no maior show ególatra que tive: o tribunal.
Ela disse que me ama. Ela disse que queria casar comigo. Ela disse.
Os homens dão o veredicto. Sou livre afinal: não preciso do amor, da aprovação ou da vida; ou do sentimento que esperam de mim.
Ela diz palavras estranhas que não fazem o menor sentido no momento. Eu só acato. A lua é linda, as estrelas brilham de dentro da cela e as palavras, elas vivem da lembrança que tenho dessa vida. Isso é o bastante. O meu consolo para a próxima vida. Lembrar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

a história de um homem feio


-Você é feio.
-Eu sei disso. No entanto você é linda.
Silêncio. 4 segundos.
-Não. Eu sou é uma idiota mesmo...