domingo, 16 de março de 2008

um travesseiro colorido e estampado de gatinhos.

Estamos bem,criatura.
Aqui a grama cresce aos poucos no nosso jardim e eu tomo café na escadinha olhando para a rua vazia todos os dias de manhã antes de trabalhar.As pessoas se apressam para tomarem o ônibus e quando faz frio a gente vê lã por toda a parte e um belo dia desses, vi uma mãe colocando uma touquinha horrível e pequena na cabeça de uma criança que fazia uma careta engraçada.Eu me lembrei de mim mesma e da manha que eu fazia todo o dia para ir para a escola , minha mãe ia me colocando o tênis no pé ainda na cama.Saudade de mamãe.
De repente ,fico triste pensando nisso e vou com a cabeça encostada no vidro do ônibus e o que se passa na minha cabeça é um vazio:dou risada no trabalho ,rio de piadas,retribuo sorrisos e se tirassem uma foto minha nesses instantes veriam que tudo está bem e o que ouço é isso o"tá bem" de todos .Estaria bem em qualquer canto desse jeito e em qualquer lugar :rindo,vendo a vida esbarrar de leve com cotovelos na minha bolsa quando ando no centro da cidade e me ocupando com as livrarias e as palavras daqui .Tenho saudade de tudo e não é só de ti :é do completo que já não é mais esse todo.
Sucessão de fatos ,de romances e de orgasmos rotineiros que todos merecemos .
Estou bem,criatura.È o que todos eles dizem.È o que todos dizem de você.
Devo acreditar neles?Porque nem eu acredito no que dizem sobre mim.
Estar bem é estar viva e não receber um sermão no dia do seu funeral e isso não é o pior que acontece com a gente .Estamos todos bem:trabalhando,estudando,trepando,comendo coisas gostosas quando pudemos e vendo cinema ,solitários nessa matinè a tarde num filme que ninguém quer te acompanhar e só tem você na sala ás duas da tarde numa folga durante a semana.
E eu não consigo pensar em ninguém além de você para estar comigo na matiné.
Estamos bem.
Vendo a grama crescer.
Sorvendo o café devagar.
Acendendo um cigarro pra fugir do trabalho.
Dando risada de uma bobagem qualquer.
Tendo saudade,fingindo e sufocando o peito de dor no travesseiro colorido e estampado de gatinhos todas as noites.
E escrevendo cartas sobre o inexplicável terror de estar bem.

2 comentários:

  1. eu nao posso colocar uma estrela no seu caderno. mas pra mostra r como eu gostei do post e o quanto ficou bom eu recomendo que vc olhe pro ceu numa noite limpida e veja quantas estrelas vc ganhou.hahehahae


    bjos.

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  2. Gostei do texto belmont!
    As vezes confudimos estar bem com indiferença. Quando chega à esse ponto é foda. Junte suas coisas num canto e esperae sua hora, vc vai ser só mais que acha que tá tudo bem...
    Tudo está sempre bem.
    Eu vejo como aquele lance do ônibus que falei no meu comentário. Para mim não é normal pensar que andar num ônibus que não cabe mais nem ar é normal. rs Percebe?
    Ah, eu sou lesada.
    bjs.
    Valeu pelas passagens na Patifaria/blog.com
    Sucesso cara!

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