quinta-feira, 29 de outubro de 2015

punição pela virtude/vingança pela honra

Estou sozinho. Sem família ou amigos. Em um lugar ermo, indefinido e virgem; hei de encontrar a paz que me foi relegada. À minha volta, eis o som dos grilos e um riacho que bate nas pedras despreocupadamente. As chagas nos meus pulsos, o sangue coagulado nos joelhos; as roupas estão duras pelo sol e lama. Minhas mãos estão atadas e não consigo me desvencilhar. Há alguns dias encontrei um pé de manga e o chutei até cair algumas frutas. Cravei os caninos impiedosamente, e lhes digo: aquela foi a melhor refeição que já provei; não menciono o fato pelo estado em que me encontrava e, sim, pelo fato de que o fruto estava tão doce e limpo... eu chorei de felicidade. Eu sabia, indubitavelmente, que conseguiria me desprender daqueles grilhões; que fugiria do inferno de estar só.
Tanta era a certeza, leitores, que esse pequeno manuscrito veio parar em suas mãos.
E hoje... eu começo a caça.

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