segunda-feira, 6 de março de 2017

10 años no es nada

"Porra, ninguém lê essa merda mesmo... Precisamos de um cara do marketing, mano. Te falei, fazer site, promover festa, página oficial de Facebook, essas coisas...".

E foi o que eu tive. Bom, a minha equipe sugeriu... O cara chegou com um café do Starbucks, e numa sentada mudou tudo: blog com nome novo, novas pautas, networking... Sasporra.
Escrevi uma merda qualquer. Pagamos uma bela de uma fortuna, retiramos a grana do fundo dos investimentos. Fazer o quê?
No dia seguinte ele me chamou. De novo, tava lá tomando o seu Starbucks com nome escrito à caneta no copo:

"Vamos ver o seu último post. (3 segundos) Nossa, olha aí as visualizações! Caceta!".
Em vez da tradicional mensagem de "nenhuma visualização" tava marcando 5 visualizações e 5 comentários. Bem, se era patético ou não, nunca tinha acontecido.
"Se sente melhor?".

"Sei lá...".

Ele me explicou:
"Bom, vamos lá... não fica puto não, mas é tudo perfil fake. Eu que fiz. Belmont, não é da noite pro dia que um autor blá-blá-blá, etc".

Falou e balbuciou um monte de coisas. A equipe tava lá, toda "cordeirinho", toda preocupadinha comigo. Depois depositaram uma bela grana na minha conta para compensar o meu fracasso na literatura que eles investiram tanto; e ainda me deram uma viagem com tudo pago para Cancún!
Falaram muita coisa. Todas elas nada importantes... A verdade é que eu caguei para tudo; às vezes bate um vazio, às vezes eu não tenho vontade de escrever nada aqui ou acolá...

Sei que tenho amigos e amigas que me acompanham nisso aqui, lendo essas paradas, e isso é muito importante nas andanças pelo vale. Foi uma puta descoberta. Nada está muito perdido, muitos jamais tiveram o que eu tive; muitos tombaram com a papelada escrita e guardada para sempre numa casa que se incendiou. Eu não. Nada disso.
Nada nunca me desanimou na verdade; "like, dislike, compartilha!", nada. Nessa parada de escrever eu sempre enxerguei uma ponta de "algo". Sempre. Até mesmo quando não estava com um pedaço de papel, na missão, eu via "algo" se alimentando; e ali estava o propósito da coisa toda. Dessa "coisa" de escrever.

Se você leu alguma coisa aqui; se você não leu nada; se você leu um texto só e gostou, se você leu tudo e não gostou de nada ou se, até mesmo, você leu tudo e gostou de geral (o que é um pouco improvável...), isso aí é o que foi foda no processo todo. Como eu disse, muitos tombaram nesse lance de escrever, e eu permaneci só por insistência... Nada muito nobre ou metafísico.

Tudo isso serviu para suprir ou alimentar alguma "coisa" durante mais de uma década. Essa é a parada. "Não adianta pregar pra convertido", ouvi de um amigo que também não lê as minhas paradas. Tem que colocar a viola no saco e andar pelo Centrão, e tocar para gente apática e desconhecida; no meio da multidão tem alguém querendo ouvir uma moda nova. E os seus companheiros e companheiras, seus trutas, andam aonde a viola chora contigo. Sempre tem gente.
E se o fim disso aqui tá chegando ou não, tampouco me importou. Se é para acabar, vamos dar o último gole e sair atirando primeiro como o Butch Cassidy, como o Takeshi Kitano em "Brother"...

Se os porcos nos cercam, a gente revida. Sempre foi assim. Fora-da-lei para sempre.

E quer saber mais?!
10 anos não é nada. Manda mais nessa porra. 

Um comentário:

  1. Opa, tamo junto aê nesses caminhos loucos. Manda mais dez. Parabéns pela qualidade, pela sinceridade, pela peserverança. Abraço!

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