quinta-feira, 1 de maio de 2008

adeus ,tex...

Priscila dos Santos nasceu no dia 12 de março de 2008.
Era manhã de quarta-feira (umas 9:54) quando interviu numa discussão entre homens e seus blogs em guerra e uma garota chamada Denise que insistia em questões de direitos autorais.Às 9:55 seu post fôra publicado lá no no nosso velho di persona.
Nascia Priscila .
Priscila era menor ,mas seu aniversário tava chegando.Dezoito ,eu acho...
Ah meu amigo ,ela fazia Letras como eu queria fazer (e faço),mas é uma história triste e agora ,meu chapa, eu só quero falar dela: da amável Priscila dos Santos.
Essa criatura que entrou pela primeira vez aqui nesse blog duvidoso e me convidou para participar de um exercício de "expiração".
Ela ,essa Priscila que tinha uma risada tipográfica muito estranha ...
Mas eu,eu nunca liguei muito para o meu "instinto aranha"e disse :"Priscila deve ser uma garota amável e não desconfie ";que escreve poemas para uma tal de Maisa que deve ser uma garota de muita sorte por ter Priscila escrevendo estrofes e canções para ela pelas noites .
Ah,Priscila...
Vocês não entendem :naquele dia 12 de março ela nasceu pronta e não passou por rituais como o primeiro dente ,Freud dizendo algo sobre ela,menstruação ,frustrações amorosas,virgindade e formação de personalidade cruel e traumática para o desenvolvimento da sua subjetividade.Ela nasceu e viveu muito pouco meus amigos.E como poucos.
Ela sabia cantar !E eu gostaria de ter visto ela cantar e arrancar suspiros de todos .Porra ,eu tenho mó tesão de ver uma mulher cantar de um jeito íntimo só para mim , e fiquei imaginando ela cantando aquela música ;talvez a música de Maisa?
Não ,a música é da Maisa.
Cruel Maisa.Seria cruel ?Quem não te amava ,Priscila ??
Eu poderia enlaçar as mãos com Priscila ,mesmo que ela amasse Maisa.Mesmo.
Seríamos dois corações vagabundos que não se acharam no mundo e sabíamos que nosso amor ,aquele das músicas ,não estava ali no nosso abraço de saudade em que um não toca o outro;e nos permitiríamos "brincaramar" ,sabendo que amamos alguém que não estava ali naquele lugar onde violões ecoam e letras são escritas em madrugadas.
Amávamos outras, eu e Priscila ;e ela é minha irmã por isso e a amo.
Mas Priscila está morta .Ela nasceu de algo nosso ,meu ,teu ,do cara que tira o pipa dos fios para a molecada,nasceu de Florbela Espanca ,nasceu do cachorro urubu do Raul ,nasceu de um sonho ,nasceu da morte,nasceu de idiotice/inconsequência e daquilo que poderia ter sido e do que foi ao mesmo tempo.
Nasceu da cena do filme que cortaram da nossa vida e que queríamos viver;aquele roteiro que foi escrito e precisava ser terminado,aquela maldita rima que tá no seu caderno e você não terminou o poema.Nasceu de uma gota de sangue.De um filme besta que só você sabe o que significa.
Nasceu daquilo que nunca volta e só na sua cabeça essa peça é encenada.Temporadas enormes.
E Priscila nasceu disso.De toda essa porra que eu sinto,que ele sentia,que ela ali mais no seu canto sentia e você vai sentir um dia,nego.
Quantas vezes eu vislumbrei alguém como Priscila,alguém que sentasse ao meu lado no ônibus ,colocasse a cabeça no meu ombro e dissesse:
-Tudo bem,eu também tenho saudade.
Eu nunca deixei Priscila sair de dentro de mim.
A minha Priscila não se tornou alguém e é a minha voz que conversa comigo mesmo na madrugada ,que não deixa eu dormir durante dias e meses,que me faz pensar em outras coisas na aula,que me faz escrever em guardanapos de boteco,que me faz pensar "nela" e me faz sorrir com a lembrança ,a minha Priscila não saiu e nem sei se deveria sair de verdade.Ela está ali admirando uma parte do mundo que queríamos ver acompanhados de alguém que diria as falas de Priscila no nosso filme inacabado de um mundo visto pelo canto do olho do corvo quando não ouvimos Priscila na voz de quem se ama ,se tem saudade ou se quer encontrar...
Priscila está morta.
Morta .De verdade.
Não me venham com flores ou tapas nas costas.Não me venha com explicação!Quem disse que só vocês tem Priscilas?!
Quem disse que devíamos desenlaçar as mãos agora?
Eu nunca vi Priscila .
Nem enlacei as mãos com ela à beira do rio...

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