segunda-feira, 31 de maio de 2010

bloco da distopia 2010

"If you want a picture of the future, imagine a boot stamping on a human face— forever."
George Orwell, 1984


Eu sou assassino.
Comecei assim, matando uma coisa, outra...
Fui matando, matando, matando.
Hoje privatizo, aumento, mando, atiro, furo, afogo etc.
Eu sou assassino.
Eu sou um filho da puta de um assassino. Volta e meia mato alguém, mato mais que pirata sanguinário ou grupo de extermínio; tenho mais votos que você para síndico do prédio ou a próxima capa da playboy.
Eu sou assassino, não mando matar, mato: meto a faca, não emprego terceiros e minha vontade é soberana na fina arte do assassinato. Mato a tudo e a todos. Sou um anjo purificador da cidade, mato, mato mesmo. Mato Chico Picadinho e Cabo Bruno e fodo a sua mulher com a minha pica. Mato, enterro, boto mais gente nos buracos de terra, promovo reuniões familiares em velórios, forneço emprego aos jornalistas de obituários: vou à forra beber caipirinha no boteco enquanto todos se divertem, pois eu promovo a diversão e delego heranças aos injustiçados que esperam um troco. Eu sou assassino, mato você, sua mãe, seu cachorro e a empregada que está fazendo a sua comida, eu mato gente em Wall Street e não discrimino o social: a morte em minhas mãos é um serviço público ao qual você é meu cliente preferencial, pois eu mato gente a dar com pau.
Mato empresário, mato índio, mato preto, mato japonês, mato chanceleres, mato a sogra. Mato.
E você?O que faz para me criticar? Sei o que faz, seu puto: vive atrás de uma porra de uma tela de um computador e não faz porra nenhuma, enquanto eu mato a sua namorada e coloco você no seguro-desemprego e alcoolismo; fica nessa porra de computador dizendo aos quatro - ventos que é fodão e mete bem, que come a mulherada e sua popularidade em frente sua turma é incondicional; é revolucionário, é politizado e o seu intelecto é tipo o pau de Rasputin: tem que estar num museu.
Pois é, seu metidinho de merda, eu vou continuar matando enquanto você escreve; e suas palavras não significarão nada enquanto uma pessoa guincha de dor que nem um porco sangrando e eu olho na cara dela e digo:
-Vou acabar com a sua raça.
E eles vão, eu fico. Eles falam, eu permaneço; eles criticam e eu me firmo na história; preciso de biógrafos e muita pesquisa. Você, você precisa de um tio arruinado para te pagar o caixão mais barato feito com caixas de cebolas do Ceasa.
Eu fico. Vocês se vão.
Vocês, seus merdinhas metidos a fudidos intelectuais, se entopem de merda e cocaína vendo meus crimes numa TV LCD´42.
Vou acabar com a sua raça, seu filho da puta. 

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